terça-feira, 5 de junho de 2012

Ser ou não ser?



Essa semana, enquanto navegava pela net,  me deparei com um livro um tanto ousado. O romance de estréia de Isaac Marion nos apresenta uma perspectiva muito diferente do que estamos acostumados quando se trata de zumbis. 

Porém, um detalhe na capa me deixou com um pé atrás, um comentário da tão famosa Stephenie Meyer que, reforçado pela apresentação de um romance zumbi, fez soar um alerta vermelho no meu cérebro. Mas enquanto eu pesquisava sobre esse livro, a proposta inicial ainda me atraia fortemente e decidi lê-lo... claro que com uma dose cavalar de crítica. 

Mas vejam só, eu me surpreendi com o R. E descobri que estava errado sobre o que pensava, pois Sangue Quente termina por formar uma ideia bem diferente.



> Título: Sangue Quente (Warm Bodies)
> Autor: Isaac Marion
> Editora: Leya
> Nº de páginas: 256

A história é ambientada em um apocalipse zumbi e conta a história de um, no mínimo, peculiar. R é um jovem com pouquíssima dicção, sem memórias, sem identidade e sem pulso. Assim ele vive uma crise existencial. A propósito, ele se chama R porque é a única coisa de que se lembra, a inicial do seu nome. 

Apesar dos pesares, R é extremamente profundo, sua mente vagueia perdida em pensamentos, saudades e sonhos. 

O que tem de errado comigo? Olho para minha mão e sua carne cinza e pálida, fria e dura, e sonho com ela rosa, quente e flexível, e que pode manejar, construir, acariciar. Sonho que minhas células necrosadas estão saindo de sua letargia, inflando e acendendo como o Natal lá no fundo do meu âmago sombrio. Será que estou inventando tudo isso…? Será um efeito placebo? Uma ilusão otimista? Seja como for, sinto que a linha reta da minha existência está mudando, formando vales e morros como os batimentos cardíacos." Pág. 59


O mundo está em ruínas, as cidades estão completamente destruídas e o medo assola todos os sobreviventes que, para se proteger dos zumbis, migraram para estádios onde formaram comunidades. 


Um diferencial desse livro é que os zumbis - pelo menos o grupo ao qual R faz parte - vivem em um aeroporto, ou seja: eles são relativamente organizados. Lá, eles perambulam, brincam de subir e descer as escadas rolantes, casam-se, adotam filhos, vão ao culto e ensinam as crianças zumbis como se alimentar de humanos vivos, claro.


Então você deve está pensando: "Isaac estragou os zumbis assim como a Meyer fez com os vampiros!". Mas eu não diria isso.

Primeiro porque os zumbis de Sangue Quente são altamente estereotipados. Eles grunhem, gemem, se arrastam, caçam humanos, estão podres e mortos. 

Depois porque, sempre que surge uma história de zumbi ela é contada do ponto de vista dos humanos vivos, e eles acham que os zumbis são criaturas que agem apenas por instinto e não pensam. Inclusive em "Sangue Quente" os vivos tem essa mesma ideia dos mortos. Mas isso não é uma regra, tanto é que "Eu sou a Lenda" apresentou uma nova visão de zumbis, bem parecida com a apresentada por Marion, e foi o sucesso que foi.

O que eu estou dizendo é que, para ler esse livro, você deve despisse de todos os preconceitos e abrir a mente para aceitar uma nova ideia. Até porque, hoje em dia, novas ideias estão em falta. 

E se você acha que isso é o pior, espera pra ver o que vem a seguir. rsrs

Quando R começa a sentir fome, ele reúne um grupo de zumbis e saem a caça. Em uma dessas caças aos humanos, seu grupo encurrala um grupo de jovens que deixaram o "estádio comunidade" para buscar suprimentos na cidade destruída. Então ao encurralar esse grupo os zumbis atacam com tudo e R termina por matar um jovem chamado Perry, que durante o ataque tentava proteger sua namorada, Julie. 

Após matar e se alimentar de seu cérebro, R passa a compartilhar as memórias e sentimentos do jovem Perry. Entre lembranças e sentimentos encontra-se Julie, a garota que ele protegia antes de ser morto. Após as "viagens" que o cérebro de Perry proporciona a R, ele acorda sentindo uma vontade primitiva de proteger Julie e assim o faz. 

Apesar do romance, o livro foca na busca de R para voltar à vida, e não num casal meloso e sem conteúdo. 

Outra coisa que chama a atenção é que os zumbis não são resultados de um vírus mortal, ou de magia negra. Mas, como o próprio autor comentou em algumas entrevistas, é como uma brincadeira com o ser humano que vai se afastando dos significados da vida e acaba vivendo no "automático". Por isso ele não é um livro inocente. Pois ele trata de assuntos sérios que fazem o leitor pensar em alguns aspectos da vida (pelo menos me fez pensar).

E o livro, como supracitei, foca exatamente nisso. Na busca dos mortos em voltar à vida. E talvez esse seja o maior diferencial do livro, essa esperança de cura.

Ah, o terror não fica voltado exatamente para a ameaça zumbi, mas sim para a presença de uns esqueletos maquiavélicos, que me fizeram lembrar de "Piratas do Caribe - A maldição do pérola negra".

Além da história, o livro é muito bem escrito e suas descrições são tão boas que você consegue imaginar certas cenas com perfeição.

A propósito, em agosto será lançado sua adaptação para o cinema. 
E embora eu esteja completamente desacreditado da sua qualidade, vamos ver se ele me surpreende, assim como seu homônimo fez!

Nicholas Hout (Skins) dá vida ao R e Teresa Palmer (Eu sou o número Quatro) será Julie. Quem dirige a adaptação é Jonathan Levine (Tudo por ela).

Segue abaixo algumas imagens do filme:

 

Até a próxima! ^^

Um comentário:

  1. Bem, não gosto dessas mudanças na historia original então não acho que gostaria desse livro... Mas a resenha ficou ótima! Pena que os efeitos do filme não parecem ser tão bons, mas vou assistir quando lançar. hoho'
    Beijo, besta!

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