quinta-feira, 31 de maio de 2012

As meninas dos livros...

Hoje vou falar de três livros que gosto bastante. 

O primeiro se trata do meu queridinho, sabe amor a primeira vista? Pois bem, foi o que aconteceu assim que pus os olhos naquela capa branca. E adivinha só? Não me decepcionei nem um pouco. 

Assim, eu começo falando de nada mais, nada menos do que A menina que roubava livros, de Markus Suzak. 


A menina que roubava livros nos traz uma história lindamente horrível. Ambientada durante a segunda grande guerra, a narradora se depara com a pequena Liesel Meminger que lhe escapou por três vezes, deixando-a impressionada a ponto de decidir nos contar sua história.

Em uma Alemanha entre 1939 e 1943 a garota Liesel e seu irmão são enviados por sua mãe para o subúrbio de Molching, para um casal que se dispõe a cuidar deles em troca de dinheiro. No caminho o garoto morre e é enterrado próximo a estação de trem por um coveiro que distraído, deixa cair um livro na neve. Esse é o primeiro de muitos outros que a pequena ladra se apodera para suportar a dura realidade em que passa a viver.

Com personagens cativantes como Hans Hubermann, seu pai adotivo e pintor desempregado e Max Vanderburg, seu amigo judeu que vive no porão de sua nova casa e do qual prometeu jamais falar. Leisel segue em uma vida constantemente modificada pela guerra junto a seu melhor amigo e namorado que jamais teve, Rude Steiner.


Outros personagens completam o elenco da tragédia que cativou, com sua dor e poesia, a narradora que um dia todos iremos conhecer, mas que só alguns terão o privilégio de ter sua história contada por ela.

Em segundo lugar temos mais outra menina, não tão inocente quanto a Meminger, mas tão astuta quanto. Refiro-me A menina que brincava com o fogo, de Stieg Larsson.

O segundo volume da trilogia Millenium trás a jovem hacker Lisbeth Salander como foco desse complexo romance policial, sendo acusada de três assassinatos brutais. Infelizmente não há muito que eu possa falar sem soar como spoiler para quem ainda não leu, mas vamos lá. 

Nesse livro mergulhamos de cabeça na conturbada e complexa vida da protagonista. Em uma noite duas pessoas foram assassinadas, um repórter e uma criminalista que estavam prestes a denunciar uma rede de tráfico de mulheres e Mikael Blomkvist buscando um furo de reportagem, termina desenterrando segredos obscuros de uma sociedade Sueca. 

Um ponto negativo é a narração de Larsson, que poderia ter sintetizado muita coisa sem relevância para a história, como a viajem de Lisbeth logo no começo do livro, evitando que ficasse tão cansativo. Ainda assim, uma ótima história que envolve tecnologia e ícones da cultura pop que fazem com que o livro seja movimentado e sangrento. Impossível de ser deixado de lado.

Para finalizar apresento-lhes a terceira A menina que não sabia ler, de John Harding. 

Em 1891, Nova Inglaterra. Em uma distante e decadente mansão, onde nada é o que parece, dois irmãos são negligenciados pelo seu tutor e tio. A jovem Florence, de 12 anos, passa os dias cuidando de seu irmão mais novo Giles e perambulando pelos corredores, em uma rotina tediosa e desinteressante. Até que, um dia, a menina encontra a biblioteca proibida da mansão e apaixona-se por ela. 


Mas existes muitos porquês nesse livro. Por que a pequena Florence sempre sonha com uma mulher misteriosa? Por que o tio não permite que ela aprenda a ler? Por que o livro é tão monótono?

Bom, essa última é a mais importante. A narradora é a própria menina e nada do seu dia lhe escapa pelas páginas. Embora o livro tenha apenas 282 páginas, se torna cansativo e desinteressante porque o leitor começa a matar quase todas as charadas na metade da história, o que instiga o desinteresse de concluir a obra.

Contudo, ainda que desvendados os segredos, você fica curioso quanto a reação da protagonista para quando ela, enfim, descobrir tudo. Dessa maneira, você consegue chegar ao final - ainda bem - porque é aí que você fica realmente maravilhado com toda a trama. 

Apaixonantes, envolventes, misteriosas e complexas as três meninas vem com tudo para mexer com o leitor. E se você, assim como eu, não consegue ficar mais de uma semana sem ler um livro... aí está uma ótima pedida!

Até a próxima! ^^

quarta-feira, 30 de maio de 2012

1, 2, 3 e...

Para inaugurar o blog pensei em trazer um pequeno conto de minha autoria. Que tal?








"O esplendor da lua cheia refletia nos grandes olhos da pequena coruja, que observava apaixonada da copa da árvore. 

Seus pais haviam saído para caçar, deixando-a responsável pelos irmãos mais novos. Porém lá estava ela, encantada com a formosura que brilhava no céu escuro. Se ao menos soubesse voar, lançaria seu corpo nas correntes de ar e deslizaria até a lua, que a aguardava solene. Mas ainda era muito nova e suas frágeis asas não suportavam o peso do seu franzino corpo.

A tristeza engolfou seu coração e ela lançou um pio melancólico ao luar. Como resposta a lua rutilou com mais força trazendo fortes raios que tocavam suas penas e faziam-nas brilhar numa brancura etérea. Seu coração começou a pulsar com força e o desejo de alcançar a lua lhe ardia o peito. Ela não agüentou. Abriu as longas asas e jogou-se no vácuo à sua frente.

Dois segundos voando e com a leveza de uma pedra, ela afundou na escuridão. Suas asas batiam desesperadas, tentando mantê-la no ar, mas ela não conseguia controlar seu corpo. Caía rápido em direção ao solo e no caminho acertava vários galhos, mais baixos, que a faziam quicar de um lado para o outro, dificultando o bater das asas. 

O medo lhe tomava o corpo enquanto o solo se aproximava. Seria o seu fim. Em pânico, suas garras cravaram-se ao redor do galho mais próximo de onde caía e com um forte solavanco, ela parou pendurada de ponta cabeça. Com seu coração disparado, ela piava pedindo socorro. Devagar, abriu os olhos e olhou para baixo.

E foi aí que a viu.

Lá embaixo, na superfície lisa de um lago, ela pôde ver. Seu brilho tão estupendo irradiava energia, sua forma arredondada manifestava beleza e serenidade, fazendo seu coração desacelerar. O medo havia passado, dando lugar a paixão. 

Tão linda, a lua descera do céu para que ela, no ápice de sua fraqueza, pudesse alcançá-la. Emocionada com tamanha bondade a corujinha voltou a abrir as asas e lançou-se de encontro à luz. 

Desceu rápido e quando tocou a água, ela se afogou na alegria de enfim, alcançar a lua."

Espero que tenham gostado. 
Até a próxima! ^^